Está fazendo
aniversário de doze anos a última vez que o Brasil precisou recorrer ao Fundo
Monetário Internacional. Na gestão do ministro Pedro Malan, na Fazenda, no
governo Fernando Henrique, o País anunciou oficialmente que havia acabado de
assinar um pacote de US$ 30 bilhões de empréstimo junto ao Fundo. Não fora a
primeira vez naquela administração. Em 11 de novembro de 1998, também com
FHC-Malan, o Brasil fechou um acordo para poder sacar do Fundo US$ 20 bilhões
nos três meses subsequentes à assinatura.
Outros US$ 32 bilhões ficaram disponíveis
para serem sacados no ano de 1999, em novo acordo assinado pelo Brasil. Marcado
para ser encerrado em novembro de 2001, o contrato anterior com o FMI foi
prorrogado pelo governo às vésperas de seu encerramento. Assim, o País tomou
emprestados mais US$ 15 bilhões, pagando juros de 4,5% ao por por 25% desse
dinheiro e fortes 7,5% pelo restante. Àquela altura, o Brasil já lançava mão de
uma soma equivalente a 400% de sua cota no próprio FMI.
Ainda assim, todos os empréstimos do Fundo se
mostraram, para a equipe econômica, insuficientes para garantir estabilidade
econômica ao País. Em junho de 2002, por exemplo, houve um saque de US$ 10
bilhões junto ao Fundo, além de ser estabelecida uma redução de garantias de
reservas a serem apresentadas pelo Brasil. O mínimo de US$ 20 bilhões em caixa
para tomar empréstimos foi reduzido para US$ 15 para facilitar novas operações.
A dependência dos recursos do Fundo estava explícita.
Em agosto de 2002, uma última linha de
crédito foi tomada, de US$ 30 bilhões, completando a terceira ida do País ao
FMI na gestão tucana. A obtenção desse dinheiro, que não totalmente sacado,
ficou apresentada como uma necessidade em razão da volatilidade ampliada pela
disputa eleitoral daquele ano, entre Lula, do PT, e José Serra, do PSDB. Logo
após a assinatura, o Brasil precisou fazer um saque de US$ 6 bilhões.
No governo Lula, logo em abril, o Brasil
pagou US$ 4,2 bilhões ao FMI, adiantando a parcela de quitação dos recursos
tomados no ano anterior. Depois desse movimento, o País não precisou recorrer
novamente ao Fundo. Bem ao contrário. Em outubro de 2009, mais precisamente no
dia 6, o ministro Mantega e o então diretor-gerente do Fundo, Dominique
Strauss-Khan, anunciaram uma importante troca de posições.
Agora, era o Brasil que emprestava US$ 10
bilhões ao Fundo. Àquela altura, as reservas internacionais brasileiras já
chegavam á casa dos US$ 220 bilhões. Em 2011, já no governo Dilma Rousseff,
mais uma vez o Brasil foi procurado pelo Fundo para ficar de prontidão em
relação à necessidade de um novo empréstimo. Outra vez, por solicitação do FMI.
Doze anos depois da última ida ao Fundo, o
País tem uma posição considerada bastante sólidas em termos de reservas
internacionais. Com todas as obrigações pagas junto ao FMI, o Brasil conta, em
6 de agosto, com um total de US$ 379,44 bilhões de dólares. Uma soma que
descarta quaisquer ilações sobre um possível pedido de ajuda para fechar
contas, como acontecia às vésperas da derradeira ida ao Fundo.
Publicado no site: www.brasil247.com