A crescente demanda dos serviços públicos no contexto do município de Palhoça, nas últimas décadas, tem raízes históricas. A emergência com que se operou o crescimento da cidade veio transformar sua rotina de “cidade dormitório” (pelo fato de estar próxima a Capital do Estado e grande parte de sua população depender do atendimento dos seus serviços, como educação, saúde, trabalho e lazer), num centro de atração pela demanda de maior espaço físico com a implantação de unidades industriais, comerciais e de serviços próprios em sua área territorial .
Até então a pequena infra-estrutura disponível no município se transformou num “gargalo”, acarretando o estrangulamento de toda uma cultura centenária e conservadora que marcava os seus passos lentos rumo a um futuro, por assim dizer, antecipado.
Até então a pequena infra-estrutura disponível no município se transformou num “gargalo”, acarretando o estrangulamento de toda uma cultura centenária e conservadora que marcava os seus passos lentos rumo a um futuro, por assim dizer, antecipado.
A par dessas circunstâncias o poder público do município deparou-se com um emaranhado lote de serviços que o crescimento emergente propiciou, exigindo-lhe uma atenção redobrada dos fatos que lhe circundavam com todo esse episódio verificado e acontecido em seu território geográfico até então considerado frágil.
A cidade de um lado só (entre a BR-101 e o mar) agora se expandiu para o lado oposto que era considerado o seu interior inexplorável. Foram problemas das mais diversas ordens e grandezas surgidos num curto espaço de tempo, tais como o aumento populacional crescente, a demanda por moradias sem que um zoneamento urbano o contemplasse, aliado a toda uma escassez de infra-estrutura nunca imaginada.
Da arquitetura urbana instalada no centro de Palhoça resta apenas o antigo prédio da Prefeitura. Casarões em diversos estilos, sem nenhuma fiscalização por parte do poder público, foram sendo demolidos e em seus lugares foram construídos prédios “caixotes”, sem nenhuma identidade com a colonização e a história de Palhoça. Até o Jardim Nereu Ramos, que tem a denominação de Praça 7 de setembro e ostenta o busto do ex-governador Ivo Silveira, está se transformando num verdadeiro calçadão do tipo moderno, rodeado de vendedores ambulantes pelas suas calçadas. Para quem viu, onde estão aquelas árvores ornamentais, em suas diversas formas desenhadas e aparadas com cuidado pelas mãos abençoadas daquele jardineiro, conhecido como “Seu Flor”?
Circular nas ruas do centro da cidade, onde se instalaram clínicas e consultórios modernos, escolas públicas e particulares, além de toda uma gama de serviços é um verdadeiro caos. Como se pode conduzir uma pessoa doente até uma Clínica, uma vez que ela está instalada em local inapropriado, sem espaço para estacionamento ou até mesmo para parar um veículo?
A resposta é que Palhoça se transformou numa terra de emigrantes que se apóiam e se perpetuam no poder, sem ter qualquer identidade com as reais aspirações do seu povo e de sua cultura.
Ou exigimos, de imediato, que um planejamento urbano seja implementado na cidade, de forma a contemplar a sua identidade com a identidade do seu povo, ou Palhoça, além de ter se transformado numa terra de emigrantes, em breve poderá se transformar numa terra de ninguém.
O debate está aberto às pessoas, pretensas a disputarem cargos políticos no município de Palhoça, no decorrer deste ano.
Que todos tenham um feliz ano de 2012.
Odilon A. Silva, servidor público (TJSC), aposentado. Bacharel em Ciências Econômicas (UFSC), Pós-Graduado em Gestão do Serviço Público (UNISUL) e Parapsicólogo (IPCM-Joinville).