É verdade que todos os políticos em Palhoça falam, porém, poucos têm um
discurso público consistente e coerente. Mas que discurso também é este? Por
norma, é um discurso curto, rápido e direto, mas também pouco aprofundado, quando
não verdadeiramente superficial, oportunista, vago e pouco refletido, porque o debate
deve surgir infalivelmente em
cima de um acontecimento, de um fato concreto, de uma necessidade ou numa
reflexão futurística.
A qualidade, ou falta da fala pública é o primeiro argumento para a
morte do debate público informativo, instrutivo e consequentemente sério.
Hoje as pessoas atravessam polêmicas e discussões, por exemplo, no
Facebook ou em blogs,
através de statements que
geram conversas nas caixas de comentários. O debate, em tempo real, chega a ser
bom em alguns casos, dependendo do nível de conhecimento e dos interesses de
cada um. Mas, logo por definição, deixa de ser um debate sério devido à fragilidade
das argumentações pouco cuidadas ou demasiadamente impulsivas em defesa de
interesses particulares ou de grupos políticos que ficam quase sempre confinados
ao universo de ''amigos'' ou ''seguidores'' que defendem com unhas e dentes o “carguinho”
na Prefeitura. Tenho tentado colocar assuntos relevantes para discussão como a
questão da saúde, educação e da segurança em Palhoça. No entanto, devido à fragilidade
dos debates públicos e o caráter quase invariavelmente efêmero, porque a
sociedade sente a necessidade de ver outro assunto na ordem do dia, nenhum tema
parece ser importante o suficiente para ser falado durante mais do que um dia,
o que, de certa forma, desdramatiza algumas questões de uma maneira
absolutamente inconsciente e irresponsável, como é o caso do assustador
crescimento da criminalidade na cidade. Na maioria dos casos as conversas
terminam com toda a gente a pensar como pensava no princípio.
Chego a conclusão que a discussão tornou-se um valor em si, e não um meio para
chegar a conclusões.