Iran Alfredo dos Santos: Educação e gestão são os passos para o acerto
Iran Alfredo dos Santos, nativo de Palhoça, já foi professor, é Analista da Receita concursado da Secretaria da Fazenda de Santa Catarina, fez parte da equipe administrativa do governo Luiz Henrique da Silveira, sendo Gerente da Dívida Pública do Estado, foi responsável por administrar um orçamento anual superior a 1 bilhão de reais. Hoje é um dos membros da frente de trabalho do deputado estadual Volnei Morastoni, do PT. Graduado em Ciências Contábeis atualmente também é estudante, faz Pós-Graduação em Direito do Estado com especialização em Direito Tributário Constitucional e Administrativo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Há cerca de um ano criou na internet o Blog do Iran, canal que idealizou para escrever sobre as questões de Palhoça. Em entrevista ao Primeira Folha contou sobre sua trajetória e os ideais para o município.
JPF: Cidadão de Palhoça
Iran: “Conheço bem a história do município, nasci e me criei aqui, sei da vida histórica e da vida política da cidade, acompanhei o desenvolvimento e a passagem de cidade dormitório a explosão imobiliária que vivemos, que julgo inconsequente, por não ter preservada a história e a cultura do povo palhocense”.
JPF: O Blog
Iran: “A motivação em fazer o blog aconteceu a partir do momento que senti a necessidade de poder expor minhas idéias, de que nem tudo que a gente vê é certo. É uma forma de criar um espaço democrático para o debate, só acredito que uma sociedade vai se tornar promissora a partir do momento que ela debata seus problemas. Através do debate vamos encontrar soluções, talvez não seja a minha visão a certa, mas trago os problemas justamente para gerar a discussão. Chegamos aos 20 mil acessos, fiquei feliz e até surpreso com a repercussão que aconteceu. Já levantei várias questões, uma delas a questão da foz do Rio Pachecos, que é um problema ambiental. Denunciei a situação de que a foz do rio está fechando, trazendo preocupação para a comunidade ribeirinha. Agora já estão dragando, na tentativa de melhorar a questão, mas sem nenhum planejamento, como tudo que acontece no município”.
JPF: Colocação política
Iran: Meu nome está à disposição do PT como pré-candidato a vereador. Um grupo de amigos se reuniu e percebeu a importância de ter no parlamento alguém para defender os interesses da municipalidade. Acredito que pelo conhecimento público posso ser muito útil na busca por recursos. O importante é saber onde estão e como buscar os recursos, o prefeito precisa estar cercado de pessoas com experiência, que conheça os caminhos. Minha candidatura está praticamente aceita pelo partido e temos propostas e idéias dentro do programa da linha do partido, entre eles o Pedala Palhoça, uma idealização minha, uma bandeira que vai ser do PT, para criar ciclovias no município, que toda rua não venha ser aprovada sem uma ciclovia. Inclusive quero convidar a comunidade para participar, no dia 1º de maio, do primeiro Pedala Palhoça, vamos fazer um passeio saindo da Praça 7 de Setembro e chegando na Ponte do Imaruim. Esse evento servirá para conscientizar sobre os benefícios do uso da bicicleta para a saúde, para o meio ambiente e principalmente para a mobilidade urbana.
JPF: Sobre a Educação
Iran: “Bato muito na tecla da educação, acredito que a educação seja a saída para tudo no nosso país. Já trabalhei no colégio Ivo Silveira e acompanhei alunos que vinham do interior do município sem base nenhuma, e isso só se agravou. Não foram feitos programas para fortalecer o ensino básico. A prioridade deve ser o forte investimento na educação infantil. Tenho conversado com muitos professores de ensino médio que me dizem: o ensino básico está muito falho, o aluno chega no segundo grau sem saber fazer contas básicas de matemática. O ensino básico é função do município. Hoje temos uma faculdade em Palhoça, que eu não sou contra, porém não é a prioridade da cidade. Os recursos alocados ali poderiam estar sendo destinados a formação das crianças, a capacitação e valorização dos professores, se o orçamento municipal é curto para educação, que seja investido na educação infantil e na estrutura das escolas que estão caindo e abandonadas. A próxima gestão de Palhoça vai ter que fazer uma revolução na educação do município, afinal a educação é a base de tudo, ela gera benefícios na saúde, na formação do indivíduo, na questão da segurança, forma cidadãos”.
JPF: Investimento para a cidade
Iran: “Solicitei, através da bancada do PT, uma emenda no orçamento do estado de verba no valor de 2 milhões e meio de reais para a criação do Parque Municipal do Aterro da Barra do Aririú, verba essa que viria de recursos do Fundo Social do Estado. O Parque do aterro é o maior espaço público de Palhoça, um espaço mal aproveitado, era a chance de criar para essa localidade um projeto elaborado por profissionais, com embasamento técnico, pensando nas questões ambientais, só que essas emendas não foram aceitas pelas bancadas do PSD, PSDB e PMDB. Foram rejeitadas, o que me fez estranhar a posição da Deputada Dirce, sabendo que os recursos seriam destinados para Palhoça e ela não lutou por isso, não sei se por desconhecimento, o fato é que isso beneficiaria a cidade e não passou”.
JPF: Visão sobre a gestão de Palhoça
Iran: “Eu não sou contra o prefeito, particularmente gosto dele, sou contra a forma de gestão, o primeiro escalão de secretários do município é muito fraco tecnicamente, são pessoas que não possuem formação técnica para ocuparem o cargo que exercem. Existe uma demanda muito grande no município e essa falta de visão técnica acaba causando o crescimento sem planejamento. Palhoça não se preparou para receber esses milhares de novos moradores, cheios de boas expectativas. Houve um incentivo ao crescimento imobiliário, porém não houve planejamento. Para cada conjunto de casas e prédios construído, haverá a necessidade de uma escola, uma creche, saúde, saneamento e tudo isso. As questões estruturais não foram pensadas. Os recursos estão vindo do governo federal, e de que forma isso está sendo utilizado? Os postos de saúde não têm pediatras, os remédios não estão chegando aos doentes. Hoje o agente de saúde é um agente político, para conseguir um medicamento essencial o doente precisa falar com um e com outro, o agente está a serviço de algum político, a pessoa precisa se humilhar para conseguir o que lhe é de direito. E isso é fácil de resolver, basta criar um cadastro para atender essas pessoas comprovadamente doentes que não podem ficar sem o remédio da diabetes e da pressão alta, por exemplo”.
JPF: Eleições
Iran: “O momento de repensar a cidade é agora, com as eleições. O prefeito permaneceu por mais um mandato por ter sido praticamente reconduzido ao cargo, não houve debate com a população. Agora precisamos gerar esse momento de discussão. Pensar que para ocupar um cargo público o candidato precisa de capacitação técnica e de conhecimento em gestão pública. Palhoça precisa ser discutida, precisamos planejar, elaborando projetos de curto, médio e longo prazo. Para isso acontecer seria necessário implantar na cidade o Orçamento Participativo, que é uma das bandeiras do PT, mas que não impede que outros partidos apliquem esse instrumento. A sociedade precisa decidir onde serão aplicados os recursos”.
JPF: Soluções para Palhoça
Iran: O contribuinte não agüenta mais pagar tantos impostos, a saída é ter qualidade na aplicação dos recursos públicos, passando a ter um controle interno efetivo. Defendo a criação de um departamento com auditores internos para auditar os gastos e também a descentralização do orçamento por secretaria. O que acontece hoje com o Ronério Heiderscheidt, é que tudo fica centralizado nele. Ele não deixa o secretário executar um orçamento, com isso a máquina fica engessada, ele não consegue administrar e as demandas só aumentam. Numa descentralização cada secretário seria responsável pela aplicação do orçamento de sua pasta e todos discutiriam com a população os problemas de planejamento da cidade.
JPF: PT em Palhoça
Iran: Existe muita especulação. O PT tem a candidatura do Sandro sacramentada e busca alianças com PCdoB , nosso tradicional parceiro. Além disso PP e PTB. Existe a possibilidade de uma coligação com o PMDB , mas vamos avaliar o candidato que aceite o programa do PT. Quando o Ronério diz que o PT está com ele joga palavras ao vento, isso não é verdade. Ele pode até estar conversando com o presidente do partido, que fala pelo partido, mas não decide sozinho. O prefeito fez um convite, extra-oficial, para o PT ocupar duas secretarias. O partido se reuniu, votou e decidiu pela não participação no governo Ronério. Mas outras alianças estão sendo avaliadas.
