Há muito, tenho percebido que o problema da saúde pública em Santa Catarina e no Brasil não está só relacionado à falta de estrutura hospitalar e má gestão de hospitais e dos recursos públicos. A qualidade duvidosa dos profissionais médicos que se formam nas nossas Universidades talvez seja o mais grave dos problemas.
Aconteceu comigo que um jovem médico na clínica São Lucas chegou a ver numa radiografia que eu estava com quatro costelas quebradas. Apavorei! Não sabia como isso teria acontecido. E o pior me falou que poderia ter uma doença degenerativa dos ossos. Agora chega em casa e dorme! Graças a Deus o diagnóstico foi desmentido no dia seguinte por um especialista médico da SOS Ortopedia. Em outro momento contarei toda história de um conjunto de erros grotescos cometidos por 3 médicos, que me fizeram sofrer por sete longos dias as piores dores que já havia sentido na minha vida. Foram injeções de voltarem, Tilex e outros mais.
Relacionado a este assunto o Dr. Desiré Carlos Callegari que é conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo diz o seguinte:
Desde 2005 o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) avalia o desempenho dos estudantes do sexto ano de Medicina das escolas médicas paulistas. Em 2010, 43% foram reprovados na primeira fase e 68% não passaram na segunda etapa, uma prova prática que simula situações de atendimento médico.
Mesmo considerando as limitações de um Exame, que é facultativo, a alta reprovação pode ser um indicador de falhas graves no ensino de graduação em Medicina e na formação de novos médicos em São Paulo, que já concentra 30 escolas médicas que formam 2.300 jovens médicos por ano.
Em 2010, chamou a atenção o baixo índice de acertos em especialidades que concentram a solução de muitos problemas de saúde da população. Muitos jovens médicos desconhecem o diagnóstico ou o tratamento adequado de problemas de saúde comuns e de doenças como sífilis, hanseníase e tuberculose. Outros, tiveram dificuldade na leitura de exames como angiografia, raio X e eletrocardiograma.
O Exame do Cremesp, uma proposta inovadora de avaliação externa do ensino médico, dá um recado que precisa ser levado em conta. O ensino médico vai de mal a pior e os atuais mecanismos de avaliação in loco realizado pelas próprias faculdades durante o processo de graduação e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade/MEC) são insuficientes para provocar as mudanças necessárias.
À qualidade duvidosa de boa parte das escolas médicas brasileiras, soma-se outro problema: brasileiros e estrangeiros formam-se em cursos do exterior - em Cuba, Bolívia, Paraguai, dentre outros países - que não garantem o mínimo de conhecimentos, habilidades e competências requeridos para o exercício da medicina.
Por isso, ao mesmo tempo em que defendemos uma reforma do ensino médico no Brasil, somos contrários à aceitação automática de diploma estrangeiros e defendemos a manutenção de rigoroso processo de revalidação, além do incremento na fiscalização do exercício ilegal da Medicina em defesa da qualidade à assistência da nossa população.
Gazeta On Line : Desiré Carlos Callegari