Recebendo a premiação da Fiscal de Prova |
Audax é
o nome dado no Brasil a um evento ciclístico não-competitivo e de longa
distância, conhecido internacionalmente pelo nome de "randonnée".
A prova aconteceu neste
domingo 27/04, em Florianópolis.
O grande foco dos eventos
Audax no Brasil é a possibilidade de percorrer longas distâncias com uma
bicicleta seguindo seu próprio ritmo (em francês, allure libre),
terminando o percurso dentro do tempo limite estabelecido, que será de 6 horas,
para um percurso escolhido de 100 km.
Acordei as 04h30min da
manhã, passei no centro de Palhoça para pegar meu irmão e fomos em direção a
Floripa. A largada foi dada às 6h e 10 minutos, na Avenida Madre Benvenuta, ao
lado do shopping Iguatemi, enquanto ainda estava agonizando de ansiedade na
revista de inspeção, realizado pela organização da prova.
Já liberado tive que
forçar no pedal para poder chegar ao pelotão da frente, onde esperava pedalar
com mais liberdade e segurança.
Neste momento, sumiu a
ansiedade e a adrenalina que estavam acumuladas dentro de mim. Mesmo ciente de
que precisava administrar o esforço para completar a prova dos 100 Km, resolvi forçar
nos primeiros 30 Km.
Sobre a ponte em direção
a Beira mar do Estreito, percebi que já havia me distanciado bem do pelotão de trás,
a minha frente à cerca de 1 km avistava o pelotão de frente, Segui forçando e
ultrapassando vários ciclistas. Estava sentindo-me bem fisicamente e muito
feliz!
Na subida do primeiro morro
em direção ao bairro de Capoeiras, senti uma grande emoção, diferente de tudo
que já havia sentido, quando vi o esforço de um pai carregando em sua bicicleta
adaptada seu filho portador de necessidades especiais. Ao ultrapassá-los no
esforço da subida fui recepcionado com um bom dia muito gostoso pelo pai e por
um grande sorriso do filho. Confesso! Fiquei
emocionado, lágrimas correram nos meus olhos, fiquei contagiado pela força, satisfação
e alegria daquela grande dupla.
Revigorado e determinado,
segui forçando pela Presidente Kenedy,
Praça de São José, retornando pela Ponta de Baixo até o final da beira
mar de São José. Neste momento, passei a sentir o esforço, dei uma parada de 5
minutos para hidratação e passei a dosar a força e controlar a respiração. Deu
certo, me mantive num bom nível, tanto que consegui acompanhar um grupo de
ciclistas de Novo Hamburgo/RS até o
Posto de Controle - PC1, no final do Ribeirão da Ilha, passando pelo Abrão,
Coqueiros, travessia da Ponte, Costeira e base Aérea.
No posto de
controle, carimbei o passa porte, alimentei-me rapidamente e segui na prova como “vagão”, junto aquele
grupo de ciclistas do RS. Pois sabia que devido ao forte vento sul que soprava
precisaria de um grupo para amenizar o esforço até o bairro do Pântano do Sul. Confesso
que pedalar contra o vento traz certo desanimo.
Carimbando o Passa Porte no PC 1 |
Então segui contra o
forte vento de carona, ou de “vagão” como queiram, atrás do grupo de ciclistas em
sentido Morro das Pedras em direção ao
Pantano do Sul. Na retaguarda de um grupo no vácuo do vento o ciclista
tem a sensação de alívio contra a força do vento que castiga a resistência. Durante o percurso observei que havia entre
eles o sentimento de equipe, pois se alternavam na dianteira constantemente.
Num determinado momento fui chamado a assumir a dianteira e por um sentimento
de equipe e de gratidão passei a frente. Porém, suportei menos de 10 minutos a pressão
do vento e o ritmo dos ciclistas.
Aos poucos fui ficando para trás dentro do meu ritmo. No entanto, todo o
esforço foi recompensado no retorno do Pantano do Sul. Neste sentido o forte
vento colaborava. E assim foi até o Campeche e Lagoa
Percorridos 105 Km, no alto
do bairro Rio Tavares, já próximo da Lagoa apareceu alguns sinais de fadiga,
porém a vontade de vencer o desafio me fez superar todos os obstáculos. O estimulo
de outros participantes e da população foram importantes ao psicológico, segui
acreditando. Faltava pouco!
Encontro com o Amigo Vinicius Duering |
Neste momento, para minha alegria avistei pedalando
a minha frente o meu querido amigo Vinicius Duering. Busquei forças e consegui alcançá-lo.
Seguimos pedalando juntos até a Lagoa. Na rua das rendeiras nos despedimos,
pois nossos destinos e objetivos eram diferentes, o do Vinicius muito maior
estava fazendo os 200 Km e Eu os 100 Km. Segui pedalando morro acima, no topo
do morro cansado, parei para respirar, hidratar e buscar um pouco de energia.
Sabia que o objetivo estava logo ali em frente, era descer o morro pedalar mais
uns 2 km e comemorar.
Enfim, cheguei! Cortei a
linha de chegada. Emocionado e mais uma vez com lágrimas nos olhos estendi o
braço em sinal de vitória. Havia conseguido mais uma vez.
Valeu! Vamos pra
próxima.