Entre vários acampamentos e passeios que realizei na ilha dos corais, teve um que me marcou muito. João Jeca ainda habitava e cuidava da ilha, quando em janeiro do ano de 1992, aportamos e desembarcamos para uma estadia de três dias. Estavamos eu, meu irmão Marquinho, o hoje Cel. Sandro Zacchi e o Marquinho do Nido .
João Jeca, como era conhecido, viúvo e pai de quatro meninas, se mudou para a ilha em 1962, após sucessivas visitas ao lugar. Estabelecido, criou as quatro filhas, que mais tarde foram embora com pescadores para construir família. Seu João passou a viver sozinho, construiu uma casa de madeira, desbravou toda a região e passou a viver do que a ilha e o mar oferecia. “A ilha era o coração do João Jeca. Ele era a própria ilha”.
Após montarmos o acampamento, nos reunimos com seu João em seu bar feito de pau trançado para saborear seu “campari”, uma mistura de cachaça com ervas que ele plantava. Ficamos horas o ouvindo falar sobre sua vida na ilha, do trabalho na roça e de seu cuidado com as cabras. Quando derrepente o velhinho começou a se coçar e puxou com três dedos por baixo do calção uma lombriga de 30 centímetros. Ficamos todos perplexos, seu João agiu com naturalidade, após exibi-la para todos nós jogou a lombriga no mato. Neste meio tempo, chega o Marquinho do NIDO que ausente não presenciou a cena. Seu copo de campari havia ficado sobre a mesa e algumas abelhas acabaram caindo dentro. Seu João, prontamente querendo ajudar colocou os três dedos dentro do copo e retirou as abelhas. Em seguida nosso amigo Marquinho, agradeceu e voltou a beber. Não contamos nada naquele momento e passamos a ter ataques de risos. Mais tarde, quando voltamos ao acampamento contamos o que havia acontecido. Resultado: nosso amigo passou duas horas vomitando e eu dez anos sem comer macarrão.
Na foto : Iran, Marquinho do Nido, meu irmão Marquinho e seu João. Neste momento, nosso amigo ainda não sabia da lombrica e os três dedos.
Na foto : Iran, Sandro e meu irmão Marquinho posando na gruta localizada na entrada da ilha, construida pelo João Jeca.
Na foto: João Jeca, Marquinho do Nido, meu irmão Marquinho e o Cel. Sandro, quando da chegada na ilha, frente ao bar feito de pau trançado.